As abelhas resolveram se apoderar da cabeça da moça. É que o nível de doçura anda muito em baixa. Baixas taxas de açúcar, leia-se, inocência, exigem esforços extras e uma mãozinha da natureza. Às abelhinhas cabe o serviço de fazer barulho também, ainda mais quando a cabeça em questão anda meio dura. É que a teimosia em não aceitar, endurece, embrutece, torna feio e amargo oque é pra ser doce e puro. Mas é que tá duro de encarar a realidade da vida, não tá?... Tá certo!, não tá tanto assim, mas os tempos já foram melhores. Nostalgia de tempos idos apoderou-se de tal forma a cabeça de dona moça que parece que vai endoidar. Tempos idos não idos agora nesse tempo de agora, mas idos em tempos mais idos ainda, onde as pessoas diziam SEMPRE Bom Dia! aos seus vizinhos, onde as crianças não mandavam na vida de seus pais como pequenos tiranos endeusados, onde família se reunia sempre para os almoços de Domingo, onde enviar cartão de boas festas era costume em todas as datas de festa e festa, tinha sempre, na casa das pessoas, e não em salões frios de um buffet qualquer. Nostalgia de tempos que nem vivi, só espio e admiro de longe. Oque não me impede de reconhecer que se não tomar tenência meio logo, envelhecerei num ritmo ainda mais largo. E não serei a velhinha querida que sai pra dançar às quintas-feiras com suas amigas, mas serei a velhinha resmungona que mora na esquina com seus trezentos gatos. Eu quis dizer gato, bichano de quatro patas que mia sem parar, e que não atende pela alcunha de Gianechini.
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