Quando
criança (ou quando mais criança do que hoje e do que amanhã) eu ficava
muitíssimo intrigada quando um dia me cabiam os sapatos e no outro já não me
serviam mais. Ouvia sempre a mesma resposta da minha mãe: “Porque está
crescendo”... E nem assim isso entrava na minha cabeça, como assim “crescendo”?
De um dia para o outro sem aviso prévio? Injusto eu pensava. E ficava tentando
enfiar os pés dentro dos mesmos sapatos ultrapassados só para teimar com o ritmo
da vida.
Hoje
ouvi uma coisa no mínimo inusitada. Que estou muito mais madura. Deu vontade de
dizer: “Hã?!” Como assim? Essa contagem eterna de horas está me servindo para
alguma coisa por fim. Deve ser assim. Crescendo invisivelmente e agora sem mais
a medida dos meus pés para me dizer algo.
Ainda mais injusto que
antes...
E depois? Voltar ao
começo? Espero não terminar meus dias querendo enfiar a minha mente em algum
buraco de agulha. Perfeição e tranqüilidade. Beleza sem fim. Até que não soa
como uma má idéia, mesmo que os dedos apertem dentro do sapato pequeno...
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