Sempre me intrigou o termo “fazer amor”.
Tirando o fato de ser brega até o talo, com licença do duplo sentido, nunca entendi porque deram ao sexo esse peso todo. Amor não se faz ali na cama, na banheira, em pé, sentada, ou quietinha em banheiros públicos. Amor se faz no dia a dia, nos planos, nas conversas, nas piadinhas, nos apelidos, na superação. Dar sim é outra coisa. Trepar, fuder, transar, nada disso precisa de amor pra acontecer e pra ser bom.
A diferença está em tudo que envolve o ato em si. Estar numa relação dá tranqüilidade. Aos mais preservados, dá a segurança necessária para mandar uns ‘mete com força, safada’, ou ‘ me bate e me come’ sem se sair como uma ninfo sedenta. Também faz o dia seguinte ser mais leve. Sem ressaca moral, sem lembrar da cara da fulana, ou sujeita, e imaginar o que a outra achou, no que está pensando. Sem esperar o telefone tocar ou um novo convite surgir.
Mas sinceramente, sem dar voltas ou medir palavras, vamos lá. Mão dentro é mão dentro, com ou sem amor. No vai e vem da criança, não tem amor que faça diferença. É suor, instinto, é todo mundo querendo gozar. É tira, põe, rebola, mexe, geme, quica, gira, o que a flexibilidade humana permitir. A pessoa pode até gritar ‘eu te amo, eu te amo, eu te amo!’, acompanhando o ritmo do balanço pélvico. Mas se o nheco nheco estiver espetacular, qualquer um vai falar isso. Você ama todo mundo quando está prestes a ter um orgasmo. Ama o mundo, o vizinho, o padeiro, os pássaros, os hippies. Quem dirá a pessoa que está ali colada em você. O sentimento em si, o amor, a vontade de casar, o carinho, o cuidado, nada disso influencia a qualidade do sexo. Ou vai dizer que você nunca deu umazinha inesquecível com uma pessoa que não amava?
Claro que trepar com amor tem um clima diferente. Principalmente pela felicidade e pelo sentimento de plenitude. Mas isso tudo se manifesta nas preliminares, não no pau quebrando em si. Eu estou falando é da hora que o cuco funciona, que a jeripoca pia, que a coruja sangra. De uma em cima e outra embaixo, de uma de quatro e a outra ajoelhada. Tô falando de hormônios ensandecidos que independem de amor pra se manifestar. Que funcionam com toque, com estímulos físicos. Quero ver alguém manter um olhar doce e meigo enquanto está com as costas roçando num lençol e uma mulher suada rasgando tudo em cima. Quero ver a mulher, enquanto está comendo a outra de quatro, vendo aquela bundona ali dando oi pra ela, aquela coisa toda arreganhada, cheia de carne e fluidos, pensar que vai enfiar os dedos na vagina com amor. Ah, não. E não tem nada de errado em não haver amor nesse momento. É, na verdade, uma prova de que ainda existe justiça nesse mundo doido. Porque tanto os casais mais apaixonados quanto recém-conhecidos podem ter o mesmo prazer.
Se amor bastasse pro sexo ser monumental, se a qualidade da transa fosse proporcional ao amor que o casal sente, relacionamentos não balançariam por falta de encaixe, em todos os sentidos. Vale amor com sexo e sexo sem amor.
Só não vale “fazer amor”.
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[A.M.]
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Isso não é nada que esteja completamente ligado ao meu modo de pensar e ver as coisas. Mas que na realidade, fazem sentido.
Um ótimo sábado.
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E pro meu amor... até daqui a pouco ^^
S2